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Educação em saúde e hanseníase: estratégias para a redução do estigma

Abstract

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, que permanece endêmica em todas as regiões do Brasil. Em 2019, foram notificados 27.864 novos casos no país, de acordo com o Ministério da Saúde. No panorama da saúde global, essa enfermidade está dentro do grupo das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), afetando significativamente populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Outro aspecto importante diz respeito ao alto potencial que a hanseníase tem de causar incapacidades físicas, caso não seja realizado o tratamento oportuno e adequado. Tal realidade somada ao estigma e à exclusão social reduz o acesso a cuidados de saúde, educação e bem-estar mental dos afetados, contribuindo para a persistência secular desse problema de saúde pública. O objetivo principal deste trabalho é reduzir o estigma relacionado à hanseníase por meio da educação em saúde, promovendo conversas abertas com público em geral, refutando conceitos errôneos e capacitando pacientes e profissionais de saúde com informações abrangentes e precisas. Este é um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, delineado a partir da implementação do Projeto de Extensão intitulado “Hanseníase: Divulgação de Informações entre Pacientes e Profissionais de Saúde para Redução do Estigma”, pautado no modelo dialógico de educação, durante o período de abril a outubro de 2023. Para execução do projeto foram realizadas sessões de planejamento colaborativo, desenvolvimento de materiais informativos e da dinâmica “Mito ou Verdade” com seis sentenças sobre a hanseníase, treinamento dos estudantes de medicinas e coleta de dados qualitativos por meio de pesquisas e discussões abertas com o público-alvo. Dessa forma, foram realizadas seis ações educativas direcionadas para públicos de diversas faixas etárias, atingindo um total de 268 pessoas. Os participantes demonstraram conhecimento limitado sobre a hanseníase, com aproximadamente 50% do público desconhecendo a doença e/ou seu modo de transmissão e/ou sinais e sintomas específicos não relacionados a alterações cutâneas e/ou seu poder incapacitante. Diante disso, verificou-se que a abordagem baseada na educação dialógica, abrangendo escolas, unidades de saúde e espaços públicos é uma ferramenta que promove a integração entre a academia, os profissionais de saúde e a comunidade. Esta experiência destaca a importância dos esforços sustentados na promoção de conhecimentos para a população no contexto mais amplo das iniciativas de saúde pública, a fim de reduzir o estigma e o preconceito em relação à hanseníase. Outro desdobramento dessa abordagem é a melhoria na qualidade do atendimento dos profissionais de saúde, demonstrando que os acadêmicos podem ter influência positiva na atenção primária por meio de ações voltadas para a saúde da população.

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